quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Quando as palavras não bastam...

Reproduzo abaixo esse maravilhoso texto de Leida Tavares, coordenadora do Sind-UTE, sobre os rumos atuais de nosLNhfuta.

Você tem fome de quê?
Desde o anúncio de que as diretoras do Sind-UTE/MG – subsede de Ipatinga, Cida Lima e Feliciana Saldanha iniciaram uma ‘GREVE DE FOME’ contra o descaso da administração municipal com a Educação, seus profissionais, pais, mães e alunos, tenho ouvido diversas análises e indagações.
A principal delas tem relação com os efeitos desse ato. Os questionamentos são decorrentes da constatação de um assombroso grau de irresponsabilidade política e falta de sensibilidade da administração municipal com as demandas populares.
Além disso, a sociedade capitalista vê sempre a vida como um ato de sobrevivência, o trabalho como batalha para ganhar o pão e a relação humana como concorrência. Numa cultura assim, a luta coletiva e a busca do bem comum parece ser mais do que utopia. Parece ingenuidade, falta de maturidade política.
Neste contexto, importa a seguinte indagação: qual o significado político do ato pacifista e extremado, materializado pelas companheiras Cida e Feliciana, através de uma greve de fome?
Nas guerras contemporâneas os combatentes utilizam armas atômicas, químicas e biológicas, um arcabouço repressivo aniquilador de vidas, com um poder de destruição sem paralelo na história da humanidade. Nesta luta, em defesa da Educação e de uma série de postulados construídos ao longo das últimas décadas pelo movimento docente,lançamos mão apenas da crença mobilizadora. Uma verdadeira profecia de fé e confiança no futuro.
Nossas companheiras apresentam-se, assim, movidas por ideias, sensibilidade e amor pela vida... no limite de suas forças.
Quem diria que os rumos da greve dos educadores de Ipatinga, bem como a simulação da abertura ao diálogo, iria conduzir-nos nos dias de hoje, a revitalizar uma das mais terríveis artes de que é capaz o ser humano: A ARTE DA FOME. Tal como o protagonista kafkiano, elas também o fazem por falta de gosto para as comidas existentes, dieta com gosto de opressão, sem possibilidade de escolha - preparada no tacho das mais nefastas disputas políticas.
No gesto de Cida e Feliciana os educadores de Ipatinga dizem em uníssono: privo-me da comida porque me privam da palavra que tem fome de ser. Privo-me da comida porque tentam tirar-me os direitos, o salário, o respeito, a dignidade e a autoestima. Tenho fome de verdade. Tenho fome de saber. Tenho fome de justiça.
Postado em: http://sinduteipa.ning.com/

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